Interpretações básicas da Lua Natal



Lua nos signos

1 – O signo da Lua Natal diz respeito ao modo como experimentamos ou vemos nossas mães, e de como seremos como progenitores, como provê ou gosta de ser provido. Descreve a imagem da “anima” ou a imagem do feminino.
2 – O signo da Lua descreve sua natureza emocional, o modo como responde instintivamente ou reage a eventos e ao ambiente.
3 – O signo da Lua costuma mostrar a maneira de ser que nos dá conforto e segurança. Mostra ainda o modo como nos afastamos de tudo quando precisamos descansar ou fazer uma pausa, descreve nosso santuário. Também pode mostrar alguma coisa sobre a vida doméstica.

Lua nas Casas

1 – A casa mostra o ponto onde somos sensíveis às necessidades dos outros, mas também onde nos deixamos influenciar pelos outros. Onde espelhamos ou refletimos os outros – onde temos a tendência a nos misturar com tudo que nos cerca.
2 – A casa mostra onde somos facilmente moldados pelo hábito e por condicionamentos passados. A forma como experimentamos a mãe estará, de certo modo, ligada à casa da Lua. Além disso, é por meio dela que podemos estar limitados pelos conceitos, expectativas, valores e padrões de nossa família ou cultura. Onde agimos de maneira regressiva ou somos atraídos para o passado, onde podemos ser infantis ou a que nos apegamos.
3 – Temos anseios pela área da vida associada à casa da Lua porque ela faz com que nos sintamos seguros, confortáveis ou nos dá uma sensação de participação. A casa da Lua é a área para a qual nos retraímos quando precisamos de um descanso ou refúgio.
4 – É na esfera da vida associada à casa da Lua que podemos experimentar altos e baixos, mudanças de humor e flutuações de comportamento.

Lua e os aspectos

1 – Os aspectos com a Lua colorem a imagem da “anima” e daquilo que experimentamos por intermédio da mãe ou da pessoa que cuidou de nós.
2 – Os planetas em aspecto com a Lua costumam descrever o condicionamento da infância, definindo um pouco melhor nossa natureza emocional. Somos abertos ou fechados? Defensivos? Reagimos depressa ou devagar? A natureza do planeta em aspecto com a Lua descreve nossas reações instintivas à vida, bem como aquilo que temos tendência a encontrar na esfera emocional. Os aspectos da Lua também colorem o modo como cuidamos dos outros ou os nutrimos, ou como queremos ser cuidados.
3 – Os aspectos com a Lua descrevem algo a respeito de nossa vida doméstica.
4 – Os planetas que formam aspectos com a Lua podem se manifestar por meio do corpo e do modo como nos movemos. De modo específico, os aspectos com a Lua descrevem o modo como a mulher se relaciona com o próprio corpo.

O desenvolvimento da Lua Natal

O ser que nasce, toma forma no útero materno e se encontra mais tarde com o calor e a modalidade afetiva que constituirão seu primeiro habitat emocional. Nesta trama de estados psíquicos e mensagens maternas deve estar presente a peculiar qualidade do signo que corresponde a Lua da Criança.

Esta energia dá ao bebê uma sensação de completude, desde que se excluem provisoriamente o registro dos outros componentes da carta natal. Muito mais além, exteriores a esta estrutura mãe-filho, ficam as demais qualidades, seu saturno encarnado em seu Pai, Mercúrio corporizado em seus irmãos, e os demais elementos que se materialização descreverão – em termos astrológicos – o contorno familiar e os primeiros anos de vida. Qualquer sucesso, simbolizado pela carta natal através dos outros planetas, deverá atravessar o filtro protetor da intimidade mãe-filho (Lua) para poder afetá-lo. Aqui pode ver-se que maneira a energia lunar cumpre sua função peculiar dentro do sistema.

Ao habitar esse casulo protetor de múltiplos níveis a criança vai constituindo sua primeira identidade que estará determinada pelo signo da Lua. Tratando-se de Áries, Touro, ou qualquer dos outros signos, com a completude que lhe agregam os aspectos e a posição por casa. A partir dessas particularidades e em cada caso diferentes sensações iniciais de segurança, intimidade, temor, afeto, se tomará contato com a manifestação das outras energias: ascendente, Sol, Saturno, Marte, etc. que a partir desta identidade provisória serão experimentados como estímulos externos.

De forma simétrica a importância da mãe e da família nos primeiros anos, a qualidade lunar se imporá à consciência, que dependerá para sua sensação de segurança, da presença de seus atributos: a ação para Áries, ou a excepcionalidade para Leão, ou a ordem para Virgem. Ali se fixa uma memória afetiva que rechaça ou foge de experiências que contradizem a qualidade lunar, gerando um circuito que reforça a identificação. O núcleo isolante da Lua em Capricórnio, por exemplo, não poderá reconhecer as experiências associativas de uma Ascendente em Gêmeos e inclusive inibirá por muito tempo a sensibilidade de um Sol em Peixes, posto que ambas qualidades são extremamente abertas, em termos energéticos, e colocam em perigo a modalidade afetiva capricorniana.

Desta identidade fragmentária surgirá o desejo de repetição, que deveremos diferenciar da matriz energética lunar. Distinguir entre proteção psicológica de uma memória emocional e a objetivação de um padrão energético, é um trabalho fundamental na análise das Luas.
De todo modo, dentro dessa primeira identificação, e graças a ela se desenvolverá no tempo uma segunda identidade, simbolizada nesse nível pelo Sol, que crescerá na matriz afetiva até expressar-se como identidade pessoal. Essa autoconsciência que vai mais além do afetivizado deverá aprender a elaborar sias relações com o resto do sistema energético, os demais planetas, signos, casas e aspectos. É nesta aprendizagem que se desenvolve a trama habitual de nossas vidas: um eu fragmentário que busca a realização de seus desejos em um campo vincular que experimenta como alheio.

Mais além de nossas reações psicológicas diante da manifestação energética, as qualidades lunares e solares se desenvolverão integralmente, de acordo com ciclos e ritmos naturais. Terá assim a oportunidade de abrir-se as energias do Ascendente e dos outros fatores mais distantes da consciência, em que aprenderá a não identificar-se com o passado para reconhecer no agora as manifestações cíclicas da estrutura.

Se essa fase madura, com a necessária resignificação da sensação do eu separado, se faz possível um segundo processo, que desemboca na expressão da qualidade sintética de si mesmo ou do centro da mandala natal. Nestes níveis, a Lua seguirá se manifestando não mais como refúgio e sim integrada ao resto do sistema na imprescindível capacidade afetiva e de contato, contribuindo com um talento específico de sua qualidade zodiacal à organização da personalidade primeiro e do que podemos chamar segurança, depois.

Lua - Espelho e Reflexo

Como sabemos, a Lua não possui luz própria e sim existe por um processo de reflexão. Sua presença ilumina a noite refletindo a luz solar, ao tempo que monitora os efeitos dessa última a fim de aliviar o excesso de radiação. O espelho que devolve uma imagem que não é a realidade do que é refletido, é um clássico símbolo lunar. Pertence ao mundo de objetos simbolizados pela Lua, mas possui a sua vez, significação de paradigma em relação a sua função. O efeito se constitui a partir de uma fina lâmina de nitrato de prata que recobre a parte posterior do vidro, sobre o que produz a imagem. Esta rede de associações entre reflexo, espelho, prata e imagem, são muito relevantes na hora de discriminar uma das ambivalências fundamentais da Lua: possuir vitalidade própria ou inerte? É criativa ou só repetitiva? Em primeiro lugar, a Lua sempre depende de um impulso externo a ela para a realização de sua função. Sua indiferenciação básica ou sua qualidade reflexiva/passiva não lhe permite tomar a iniciativa e a autonomia, pelo menos no início dos processos de que participa. Ao inverso, não existe processo sem o curso da Lua, onde quer que exista substância.

Sua criatividade é própria do receptivo, repetindo-se até desenvolver a totalidade da forma com que foi informada ou que aceitou o impulso. Isto indica uma enorme vitalidade, fecundidade e capacidade de reprodução, mas sempre com repetição da estrutura adquirida, carecendo da capacidade de alterar a si mesma o padrão no qual ficou fixada. Seguindo com o exemplo biológico, depois da união e determinado o entranhamento genético, a estrutura “óvulo fecundado – útero – mãe” (Lua) prossegue por si mesma o crescimento do embrião, mas não se encontra em suas funções a modificação da pauta genética estabelecida.

Uma vez desencadeada, a inteligência lunar se repete em si mesma, inibida do desenvolvimento variável. Nesta limitação fica radicado a potência de sua função, sua vitalidade e fecundidade específicas, complementárias ao Sol. A repetição é imprescindível e isto é visível no biológico, por exemplo, com a réplica incessante do DNA em um nível celular básico, atividade essencial para que a totalidade do sistema se mantenha viva e tenha sua forma. Quando se tenta compreender a Lua em relação ao resto do sistema, especificamente no plano psicológico, sua tendência a repetição representa uma das maiores dificuldades.