O Herói de Mil Faces

O Sol e o desenvolvimento da Consciência.



Uma das mais antigas e profundas representações míticas do Sol é o antigo símbolo da realeza. Os reis eram tidos como a incorporação terrena da divindade, o veículo mortal pelo qual a vontade do divino se manifestava no mundo. Há uma camada arcaica em todos nós que, até hoje, ainda reage ao símbolo mágico da realeza. O símbolo da realeza congrega as diversas figuras solares míticas.

O Sol é progressivo. É um princípio dinâmico que se desenvolve ao longo de uma existência. Na verdade, nunca acabamos de desenvolver o Sol, pois esse aspecto da personalidade está sempre em um processo de vir-a-ser (devir), de rumar para alguma meta ou visão futura.

Joseph Campbell chama de “monomito”, a história do herói presente na mitologia de todos os povos. O mito do herói é um mito solar, pois o herói está sempre prestes a se tornar algo. Ele não nasce automaticamente como herói. Ele deve conquistar o direito de se tornar um herói e rei, bem como um veículo adequado para os deuses que são seus pais.

Há em nossa natureza uma dimensão lunar e outra solar. A evolução do mito do herói através do desenvolvimento do seu EU é importante para ambos os sexos. A representação masculina e feminina refere-se apenas a uma qualidade da energia, receptiva e dinâmica, para as quais as divindades míticas são as imagens mais apropriadas.

Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces, é uma das melhores explorações psicológicas do Mito.

O nascimento do Herói Solar

O Herói nasce de maneira estranha, geralmente é fruto da união entre um deus e uma mortal. Em alguns casos como do herói grego Aquiles, isso se inverte, seu pai era o mortal Peleu e sua mãe a deusa do mar Tétis. Na infância o herói não faz ideia de quem sejam seus pais verdadeiros.

Ele se acha igual a todos, mas incomoda-lhe a sensação de que é diferente e possui a intuição de um destino especial. Um dos principais temas da jornada do herói é a descoberta de sua verdadeira origem, que é a um só tempo mortal e imortal. Nessa imagem mítica do nascimento híbrido, podemos notar um profundo sentido de dualidade, a convicção de que não somos apenas feitos de terra e fadados a comer, procriar e morrer. Cada um de nós é especial, único e tem um destino pessoal, uma contribuição individual a dar para a vida.

Muitas crianças possuem a fantasia de que são adotadas, ou que um dos pais é especial, divino. Essa fantasia é tão comum entre as crianças que só se pode presumir que seja um arquétipo. É um dos pontos pelos quais o mito penetra na vida humana comum, antes da realidade massacrar o mundo imaginário da criança.

Nossa análise do Sol pode de início, expressar-se nessa primitiva fantasia do progenitor desconhecido ou misterioso, ou ainda de um destino “superior” a nossa espera. Nossa faceta solar não se sente sujeita aos mesmos ciclos lunares e leis do destino a que se submetem nossas emoções e corpos.

O Sol não está preocupado com o mundo concreto como meta final. A realidade material é domínio lunar, e o que imaginamos como nossas metas na primeira metade da vida é apenas o conjunto de necessidades lunares, traduzindo-se em termos materiais. As metas solares são interiores, dizem respeito à auto-realização e à experiência da vida como algo especial e cheia de significado. Essas metas são muito difíceis de definir e variam de pessoa para pessoa quanto ao tipo de expressão interior de que precisam. Sócrates dava a essa misteriosa força propulsora interior o nome de daemon, o destino impele o indivíduo a se tornar seu próprio ideal.

Outro elemento importante da infância do herói solar é o fato dele geralmente ser invejado ou perseguido sem saber o motivo. Às vezes o inimigo é o marido da mãe. Às vezes é um rei perverso e usurpador que ouviu falar de um augúrio ou profecia e teme ser destronado pelo herói em idade adulta. Esse tema está presente nas histórias dos heróis Perseu e de Jesus, o qual quando criança foi perseguido pelo Rei Herodes.

O Sol é especial e a expressão da natureza especial costuma despertar uma inveja destrutiva nos outros. Se o Sol fica inconsciente, ele pode igualmente atrair a inveja destrutiva dos outro para si. Sempre que exploramos um mito, podemos ter a certeza de que encontraremos a presença desses elementos em todos os aspectos da vida humana comum.

Esse problema arquetípico da inveja e da perseguição de potenciais solares, que pode ser visto em ação em um grande número de famílias, é uma das razões pelas quais muitas pessoas possuem dificuldade em expressar seu Sol. Temem que se manifestarem seus verdadeiros “eus”, os outros irão reagir com raiva e atacá-lo, verbal ou emocionalmente. Geralmente o pai ou a mãe real de uma pessoa fez exatamente isso, inconsciente, pois a vida solar não-vivida do progenitor se tornou amarga e invejosa, e a pessoa tem a experiência direta da infância de perseguições do herói mítico em sua própria fase de formação.

O Jovem Herói Solar

O jovem futuro herói pode ter contado com a proteção de sua mãe ou do pai durante algum tempo, mas terá de aprender a lidar com as dificuldades representadas por outras pessoas, mais cedo ou mais tarde.

Precisa desenvolver o realismo, pois a inveja é um fato da vida e uma parte indelével da natureza humana. Nem sempre poderá ir correndo para casa berrando por ter sido atacado por causa de sua natureza especial ou por ter sido questionado. Além disso, precisa adquirir firmeza, auto-suficiência, “Insight”, inteligência e amigos leais para sobreviver como indivíduo. Do contrário, pode ser que sacie sua sede de luz solar e regresse rastejante para o ventre materno. Na verdade é isso que muitos fazem, pois encontram mães verdadeiras ou substitutas, que os protegem, tais como empregos insatisfatórios ou relacionamentos paralisantes e reprimem seus próprios potenciais individuais para evitar o mundo competitivo lá fora.

Em algum ponto de seu processo de crescimento, o herói recebe aquilo que Campbell se refere como “a chamada para a aventura”. Ela pode surgir sob diversas formas. O pai/mãe divino pode aparecer em um sonho ou visão. De qualquer maneira, a chamada pode vir de dentro de nós – nosso significado e destino numa intuição repentina – o que costuma acontecer sob ciclos de planetas pesados, tal como o retorno de Saturno aos 30 anos, ou na meia-idade, coincidindo com o semiciclo de Urano ou com o segundo semiciclo de Saturno. No mito, a chamada do herói também pode se dar através de uma aparente perturbação ou desastre exterior, o rei idoso está morrendo e não tem herdeiros conhecidos.

O momento da chamada do herói para a aventura tem um quê de predeterminação nos mitos e folclores, como um despertador programado para tocar em certo horário.
A hora costuma ser determinada no nascimento do herói, bem como no início da história. Isso sugere o ritmo intrínseco do mapa astrológico.

Os relacionamentos podem nos oferecer nosso despertar, especialmente se eles começam e terminam sob situações astrológicas significativas envolvendo o Sol. A intervenção de outra pessoa em nossas vidas seja um namorado, um filho ou um professor, ou mesmo um inimigo ou rival, pode transformar nossa consciência e fazer com que o herói solar inicie sua jornada.

Os ajudantes do Herói Solar

Depois de ter sido chamado, os heróis geralmente arranjam um ajudante, ou recebe assistência de fontes divinas, humanas ou animais. É interessante observar que ele não costuma ter trabalho para conseguir essa ajuda inicial. Ela é dada pelo progenitor divino, pelo mortal ou por divindades benignas que estão ao seu lado por seus próprios motivos. Essa ajuda, às vezes questionável em termos morais (como no caso de Jasão), mas sempre adequada para se ter êxito na empreitada, representa o direito divino do herói: ele será posto à prova e recebe bastante colaboração e não indiferença, para conquistar sua meta.

Naturalmente é possível a recusa absoluta em atender à chamada, neste caso, ela retorna sob uma forma diferente e suas provas serão mais difíceis. O progenitor divino – que é a imagem mítica de algo que existe em nós – não vai nos deixar em paz só porque não estamos “a fim”.

Geralmente o resultado é a depressão profunda e a sensação de fracasso e de vazio. A prova pode também passar para a geração seguinte, e os filhos e netos da pessoa podem sofrer ao receberem assuntos solares inacabados de seus pais ou avós, assuntos esses que devem ficar cada vez mais intensos e exigentes a cada geração que não lida com eles. A constelação de colapsos nervosos e de sérias enfermidades físicas pode incluir formas dramáticas de recusa. É possível rechaçar a chamada de maneira tão violenta que a pessoa se refugia completa e autodestrutivamente no mundo lunar, atitude que deve estar relacionada com as pessoas cronicamente “lunáticas”. O mundo está cheio de gente perdida, que se recusou a atender à chamada solar para a aventura não uma, mas diversas vezes. Muitas delas parecem “normais” em termos coletivos, só que não há “ninguém em casa”.

Essa ajuda vem de dentro de nós, apesar de ser ocasionalmente personificada por alguém que, milagrosamente, oferece apoio ou alguma chave justamente na hora certa. Nos mitos, geralmente é a mãe mortal ou uma deusa lunar, como Hera ou Artemis, que oferece essa dádiva, e ela pode refletir a sabedoria instintiva da Lua, com a qual podemos contar em épocas de crise porque mostra como devemos cuidar de nós mesmos. Às vezes, quem nos auxilia interiormente são os aspectos natais amenos – dons inatos ou habilidade com as quais podemos contar a qualquer instante. Onde quer que tenhamos aspectos harmoniosos, temos aquilo que costumamos chamar de sorte, pois estamos em harmonia interior e, portanto lidamos intuitivamente com a vida de maneira correta.

A ajuda costuma aparecer logo depois que o herói aceita sua chamada. É como se alguma coisa em nosso interior, que dá bastante apoio, fosse ativada quando nos defrontamos e aceitamos nosso próprio caminho na vida. É ainda bastante revelador o fato de outros deuses se envolverem, embora não estejam diretamente relacionados com o herói.

Logo o herói estará fazendo algo pela coletividade, apesar de acreditar que o faz apenas por ele mesmo. No mito de Perseu, a Medusa simboliza mais do que um dilema pessoal. Ela é um problema da psique coletiva, uma herança humana e universal do rancor e do veneno que geram uma depressão paralisante em meio a famílias, grupos sociais e até nações. Assim, o inconsciente coletivo depende da autenticidade de cada indivíduo para cumprir seu designo maior. O fazer do herói são imagens míticas da função mais profunda do Sol, o qual tornando-se o canal para a autêntica auto-expressão da pessoa, inevitavelmente transmite algo à psique maior da qual provém o indivíduo.

O herói deve realizar sua tarefa pelo fato de ser impelido de dentro para fora. Se o faz apenas para agradar os outros, por mais humanitário que deseje parecer, vai acabar encrencado porque não está sendo sincero consigo mesmo. Ele deve encetar sua busca por ser pressionado a ela por sua necessidade interior, não porque isso fará com que outras pessoas o amem.

Quando nos tornamos nós mesmos, temos muito mais a oferecer do que se nos esforçássemos para tentar salvar o mundo como forma de compensar o vazio interior.

A Travessia do Limiar


No seu fazer o herói acaba atingindo aquilo que Campbell chama de “Travessia do Limiar”. Geralmente alguma coisa desagradável o aguarda ali, tentando impedi-lo de atingir a meta de sua jornada. O dilema da Travessia do Limiar reflete um conflito básico de vida em nós. Ele pode ser descrito por meio de diversos fatores do mapa astral. Até o signo solar pode retratar um conflito inato, pois há tanto fraquezas como valores em cada signo zodiacal. Aspectos difíceis com o Sol podem sugerir obstáculos interiores, embora projetados para o exterior, que parecem nos impedir de crescer. Saturno também pode descrever – por signo, casa e aspecto – a natureza da Travessia do Limiar, pois ele retrata a reação defensiva, o medo e a relutância em nos revelarmos ao mundo.

O mito descreve algumas formas típicas assumidas pelo inimigo na Travessia do Limiar. Geralmente, o oponente é um irmão sinistro, uma personificação do lado sombrio, destrutivo ou amoral do próprio herói. Às vezes, o inimigo é uma mulher, a madrasta ou a bruxa malvada, e aqui encontramos a deusa lunar num disfarce bem pouco maternal. Isso reflete uma situação na qual as necessidades instintivas, enraizadas na família e no passado lutam contra o desenvolvimento do indivíduo independente. Às vezes a ameaça vem de um gigante ou monstro, são imagens de instintos grandes, cegos e primitivos. O dragão também pode ser visto como uma imagem lunar, um retrato da ourobórica mãe primitiva na forma de uma imensa cobra alada. Muitas vezes, a mãe pode ter essa imagem para a criança, pois ela é toda poderosa dispensadora da vida e da morte. No limiar, a cobra-dragão pode personificar a aparência que a Lua tem para o herói que não cresceu.

Erich Neumann, em “História da Origem da Consciência” dá a esse estágio de desenvolvimento o nome de “Lutador”. Apesar de ser um estágio arquetípico da juventude e um estágio inevitável da jornada do herói solar, pode ser também o lugar ao qual seremos compelidos a retornar mais tarde na vida caso o Sol tenha permanecido subdesenvolvido. Para o Lutador, tudo parece uma batalha, e o feminino – seja a mãe de fato, os laços familiares, as emoções, as mulheres, substitutas maternas no trabalho ou o próprio corpo moral – não é visto com bons olhos.

Em alguns mitos, a Travessia do Limiar não é a luta com o dragão, ela envolve a própria morte do herói, antes de uma transformação ou ressurreição. É o caso de Dionísio e de Jesus, ambos destruídos e que só podem assumir suas verdadeiras formas como salvadores divinos através de tal desmembramento ritual.
A imagem mítica da crucificação é um dos mais fortes símbolos de nosso isolamento e alienação na cruz saturnina da matéria. Nesse estado somos criaturas sem pais, abandonadas. Não há um lar para onde voltarmos, não há um colo reconfortante para nos alinharmos, não há grupo ou coletividade que possa nos oferecer um paliativo. Esse é o estado nu e cru do “Eu sou”, que pode nos explicar a razão pelo qual o Sol só emerge de fato na meia-idade, quando a pessoa está suficientemente forte e formada para enfrentar o desafio. O problema da solidão, que sempre acompanha qualquer manifestação do “self” individual, é o significado profundo da Travessia do Limiar no mito do herói. Essa questão permeia nossas maiores ansiedades, a perda e a separação, pois há sempre o risco de que, ao emergirmos, ninguém possa nos amar. Assim, a batalha contra o gêmeo sinistro, a luta com o dragão e o desmembramento ou crucificação constituem a imagem do ato de suportarmos o fardo de nosso “self” separado, o qual é o primeiro estágio importante da jornada solar.

O Prêmio ou Tesouro

Geralmente o prêmio é mesmo um tesouro – ouro ou jóias, a água da vida, o domínio de um reino, o dom da cura ou da profecia. É uma meta altamente individual, mas é sempre algo de grande valor para o herói. O Sol, corporificando o herói mítico, luta pela recompensa final, um núcleo indestrutível de identidade que justifica e convalida a existência. O herói e seu prêmio são na verdade a mesma coisa. O tesouro é o núcleo essencial do herói, seu lado divino que sempre esteve oculto em seu corpo mortal. Isso pode soar terrivelmente abstrato. Mas o sentido inerente de sermos um “eu” real, sólido e indestrutível é uma coisa muito preciosa e mágica, além de ser obtida a duras penas. Todas as situações de vida em que somos chamados a nos separarmos de algo e a defendermos nossos valores e metas forjam um pedaço desse “eu” e sofremos por ela a cada vez, já que a eterna mãe-dragão deve ser combatida repetidamente em seus diferentes disfarces.

Outra imagem da meta do herói é a reunião com o pai, ou sua redenção. Uma das histórias que melhor ilustra esse tema é a de Parsifal, o tolo sagrado que sai a procura do Graal. Isso nos leva a questão do Sol como símbolo daquilo que herdamos do pai pessoal. Se quisermos vivenciar plenamente o Sol, devemos nas palavras do I Ching, “trabalhar com aquilo que foi arruinado pelo pai”, dando nova vida a essas coisas.

Por vezes, o prêmio do herói é um elixir que precisa ser furtado. Esse elixir pode conferir a imortalidade, dons proféticos ou de cura, ou então, pode salvar o reino. O tema do elixir furtado surge com grande regularidade em contos de fadas e em mitos como o de Gilgamech, na Babilônia, ou como o de Prometeu que furtou o fogo sagrado de Zeus. A substância mágica costuma estar nas mãos de um monstro, dragão, feiticeiro ou bruxa, e o herói deve surrupiá-la e trazê-la de volta para o mundo mortal.

A solidão e a inimizade do coletivo com os equivalentes emocionais dos perigos com o que herói se defronta em suas lutas podem gerar a questão da culpa (e do medo de represália que a acompanha) em torno do furto do elixir que é outro aspecto importante da jornada solar. Há algo de ilícito em nos tornarmos nós mesmos, pois para isso é preciso tomar algo da psique coletiva, algo que era de propriedade do inconsciente coletivo. Quanto mais separados nos sentimos, tanto mais temos a sensação arquetípica da culpa. E a profunda sensação de renúncia inerente a uma dívida – para com a mãe, a família e o coletivo – é ativada por qualquer ato individual de criação que nos separa de todos eles.

Assim, o furto do elixir é um profundo rito de passagem, e uma vez consumado, as coisas não podem voltar ao que eram antes. Só podemos ir para frente e usar o elixir, que na verdade é nossa própria e preciosa unicidade. Mesmo se recuarmos um pouco ou regredirmos, de vez em quando, sob trânsitos pesados de Netuno, não poderemos desfazer aquilo que foi feito, sob a luz do Sol, a fantasia da fusão deve cessar. Há ainda o medo de represália, e o herói deve tentar se salvar depois de furtar o elixir, com todas as legiões de guardiões zangados, pois o coletivo retruca de fato, o que pode ser visto claramente na variação familiar quando um indivíduo se liberta de uma unidade familiar solidamente interligada. Isso também pode ser visto em grupos políticos, religiosos e profissionais quando um membro expressa uma opinião excessivamente original e tem maior sucesso criativo ou financeiro que os outros membros.

O regresso do Herói.

Mais cedo ou mais tarde o herói deve retornar - o que não é mais simples do que seu processo de saída. Ele deve passar pela Travessia do Limiar mais uma vez, como o elixir ou seu tesouro e regressar a vida comum. Como o mito do herói não acontece apenas uma vez em nossas vidas, repetindo-se diversas vezes em níveis variados, esse difícil processo de retorno acompanha cada ato de criação e de triunfante auto-concretização. Às vezes, o retorno causa um período de depressão, pois a realidade mundana contrasta dolorosamente com as grandes tarefas interior com que estivemos ocupados. Às vezes, o herói precisa ser salvo por seus ajudantes no último estágio da busca. Ele deve se defrontar com mais um dragão ou bruxa (naturalmente, os mesmos) que bloqueiam o caminho de volta. E, às vezes, se quer deseja voltar. O temperamento ígneo, que se aplica a Leão, regido pelo Sol, bem como Áries e Sagitário, pode ter mais dificuldade para retornar a vida cotidiana, do que os outros, pois esta lhe parece muito maçante e o herói pode já estar planejando sua próxima jornada antes do térmico da anterior.

O signo natal do sol é teoricamente o mais básico dos fatores astrológicos, e costuma ser interpretado no nível do caráter. Mas ele também pode nos dizer muito a cerca de um dos principais temas da jornada do herói. Cada signo se relaciona com um conjunto de figuras míticas e tem ainda um regente planetário, uma divindade que o preside e que apresenta seu próprio conjunto de histórias. O regente planetário do signo solar pode nos dar “insights” sobre o deus que engendra o herói, pois esse planeta, mais até que o regente do ascendente, descreve os poderes interiores especiais que devemos descobrir e desenvolver. O regente do mapa pode nos dar informações a respeito daquilo que a vida pode exigir de nós e, em combinação com o próprio ascendente pode descrever os tipos de situações que o herói vai encontrar em sua jornada. Mas o regente do Sol é a divindade que nos preside, o herói e seu prêmio são, no final das contas, a mesma coisa.

Podemos ver o signo solar da perspectiva do papel que somos conclamados a representar na vida e da contribuição única que podemos fazer quando descobrimos um canal individual para essa energia arquetípica.

Sol - Características Básicas

Sol rege Leão e é exaltado em Áries.
Está em detrimento em Aquário e em queda em Libra.


Significa que na regência, em Leão, as características solares – o sentido do Eu, a consciência – estão equilibradas, em Áries existe uma tendência ao egocentrismo, é a exaltação do aspecto Eu, em Aquário o Eu está mais enfraquecido, figurando a presença do “nós” e do coletivo. Em Libra o Eu sofre uma queda, uma perda de identidade, misturando-se o tempo todo com as demais consciências e o meio em que vive.

Não podemos esquecer que os signos de dividem aos pares, assim o Sol adquire um sentido de Eu em Leão e em seu oposto, Aquário, abre mão do Eu para o Nós. Em Áries o Eu é extremamente exaltado e forte e perde força e intensidade no momento em que polariza com Libra.

A Casa que o Sol ocupar será fortemente realçada e os assuntos dessa casa tentem a ter importância por toda a vida do indivíduo. O Sol é associado ao coração e a coluna vertebral.

Significa em termos psicológicos: A emergência do Ego e representa a figura animus e do Pai.

O Sol é o coração do mapa. Fornece direta ou indiretamente, toda a energia que sustenta nossa existência terrena. Para nos sentirmos completos e realizados precisamos expressar nosso signo solar, tentar desenvolver na esfera da vida associada com a casa em que o sol está colocado em nosso mapa, buscar maneiras construtivas de personificar, integrar e utilizar qualquer planeta que forma aspecto com o sol natal.

A astrologia psicológica em suas interpretação, trabalha de maneira que as energias expressas pelo Sol são qualidades que precisam ser desenvolvidas, não são automáticas. Adquirimos consciência e uma individualização – Ego – através da integração dessa energia em nossas vidas. O signo solar representa, então, qualidades que precisam ser trabalhadas e desenvolvidas de modo construtivo a fim de nos tornarmos a pessoa única que somos.

Exemplo: Em vez de dizer, “Você é de Áries, logo é assertivo”, deveria dizer, “O seu Sol está em Áries, e isso indica que um dos seus principais propósitos na vida é desenvolver a coragem, o dinamismo e a capacidade de se afirmar de maneira viável e funcional”. Isso faz toda a diferença.

O Sol representa um tipo de racionalidade, a maneira pela qual conseguimos entender e trabalhar os acontecimentos de forma racional/consciente e não emocional (Lua).

É claro que as características do signo de Áries – como no exemplo – estarão mais evidentes em sua personalidade, mesmo que ele jamais procure um astrólogo, porém o que vamos encontrar são essas qualidades em seu estado primitivo, respondendo ao instinto sem qualquer consciência e direção, o que dá a esses indivíduos características de agressividade e um egocentrismo exagerado.

Construindo a Interpretação



Sol nos signos:



1 – O signo do Sol mostra o caminho que precisamos seguir para desenvolver um ego saudável e um senso de individualidade. Desenvolvendo qualidades positivas e construtivas de seu signo solar sentindo-se assim mais completo e realizado. Precisamos de um lugar na vida para expressão e irradiação das qualidades de nosso signo solar.


2 – O signo do sol é o símbolo daquilo com que precisa lutar – conscientemente – e obter, não apenas daquilo que vem instintivamente.


3 – O signo do sol também colore a imagem “animus” e o pai. Exemplo: Uma pessoa com o signo solar de peixes tende a ter/ver o pai como alguém sem muita individualidade, que busca linhas de fuga através do álcool e de uma abordagem da vida um tanto distanciada e irreal.


Sol nas Casas



1 - A Casa que o Sol ocupa (e deve-se levar em consideração da mesma maneira a casa que tenha Leão na cúspide ou que abranja esse signo) indica uma área da vida onde precisamos ser bem-sucedidos ou nos destacarmos de algum modo. É nela que precisamos nos sentir especiais. Dedicando-se às atividades associadas à esta casa, forjamos uma noção mais clara de ego e de identidade (é nessa área da vida que nos separamos da mãe arquetípica (lua) e definimos melhor nosso eu separado).

2 – A vida pode ser uma luta na casa do Sol. Temos de travar combates com dragões que nos detém ou que impedem nosso desenvolvimento na esfera de experiência associada com a casa do Sol. Geralmente sentimos que poderíamos nos sair melhor do que já nos saímos nessa área da vida.

3 – Questões ligadas ao pai ou ao “animus” podem surgir na casa do Sol.

4 – A casa do Sol pode nos dar pistas quanto a vocações ou inclinações naturais.


Sol e os aspectos


1 – Qualquer planeta em aspecto com o Sol representa uma energia ou arquétipo ligado (positiva ou negativamente) ao desenvolvimento da individualidade ou auto-expressão. Precisamos encontrar maneiras construtivas de expressar e de incluir essa energia em nossas vidas (talvez por meio de uma vocação ou inclinação que envolva esse planeta). Exemplo: Uma pessoa com o Sol em aspecto com Netuno deve encontrar Netuno, de algum modo, no processo de individuação, pode também dar expressão a Netuno por meio de uma carreira “netuniana”, tal como a cura, a música ou as artes.
2 – Podemos lidar com os aspectos do Sol por meio de pessoas que entram em nossas vidas (especialmente no caso da oposição – 180º). Exemplo: alguém com uma oposição entre o Sol e Saturno pode acreditar que os outros são limitadores ou bloqueadores. No final das contas, precisamos assumir e integrar essas qualidade, que normalmente, projetamos nos outros.
3 – Questões relacionadas com o pai e com o “animus” serão coloridas pela natureza de qualquer planeta que formar aspecto com o Sol.